terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Alimentos que podem fazer mal!!




Boa noite gente, tudo bem?

Bom, como eu trabalho em um pet shop aqui em Florianópolis, nesses últimos dias muitos clientes vieram me perguntar sobre alimentos que podem ser dados para cães e gatos.

Alguns alimentos que para nós são nocivos, para nossos amigos podem acabar causando problemas graves.
O costume de dar algum "aperitivo" quando estamos comendo é muito grande, mas não é correto, pois como eles são animais que vivem em matilhas, há uma hierarquia onde os dominantes se servem primeiro. Se oferecemos alguma comida para eles durante as nossas refeições, estamos mostrando-os que eles estão em um nível hierárquico igual ao nosso, e isso pode acarretar em problemas de obediência posteriormente.





Outro ponto que sempre coloco é o fato do cliente comprar uma ração super premium de excelente qualidade, ou seja, o cliente paga um preço razoavelmente caro em uma ração super balanceada para seu amigo onde ao oferecer outros alimentos, acabam desbalanceando essa ração, disponibilizando nutrientes a mais para o organismo de seu pet, que não irá aproveitá-los da maneira mais adequada.

"Mas sempre que ele me vê comendo uma fruta ele pede?", "Mas ele gosta tanto..."

Dar um pedaço ou outro de fruta para seu pet como um prêmio não faz mal, dependendo da fruta... Mas algumas podem ser perigosas para eles.

"Mas e porque isso acontece?"




O metabolismo dos cães e dos gatos não são iguais ao nosso, assim há algumas substâncias que eles não digerem e que acabam se tornando patológicas ao se acumularem no organismo deles. Isso pode ocasionar apenas problemas digestivos leves como diarreia e vômitos, assim como outros alimentos podem ocasionar problemas graves e até mesmo levar a morte.

Como muita gente vem me perguntando ultimamente, resolvi então fazer um post sobre essas dúvidas. Então vou listar as mais comuns e os problemas que podem vir a causar em seus amiguinhos.



  • Abacate: todos os componentes da fruta (folhas, fruta, semente e casca) possuem persin que pode causar vômitos e diarreias;
  • Açúcar (alimentos açucarados): pode levar a obesidade, problemas dentários e até diabete melito;
  • Alho e Cebola (cru, cozido ou em pó): contém sulfóxidos e dissulfetos que podem danificar as células vermelhas do sangue (hemácias) e causar uma anemia. Os gatos são mais suscetíveis que os cães, e o alho ainda assim é menos tóxico que a cebola;
  • Bebida Alcoolica: pode causar intoxicação, coma e até a morte;
  • Caqui: as sementes podem causar obstrução intestinal e até uma enterite;
  • Carne crua: podem conter bactérias patogênicas e levar a uma gastroenterite; 
  • Chocolate, café, chá e outros que contenham cafeína: cafeína, teobromina ou teofilina pode causar vômitos e diarreia, além de ser tóxico para o sistema nervoso e coração;
  • Cogumelos: podem conter toxinas que causam vômitos e diarreia, além de poder afetar outros órgãos;
  • Comida de gato (para cães): geralmente são muito ricas em proteínas e gordura, podendo ocasionar problemas hepáticos e pancreáticos;
  • Cordas, fios e afins: podem se enrolar nas alças intestinais (corpo estranho);
  • Extrato de Óleo Citrus: pode causar vômitos;
  • Fermento: produz excesso de gases causando desconforto e podendo levar a uma ruptura gástrica ou torção (dependendo do animal);
  • Gordura: pode causar pancreatite;
  • Leite e produtos lácteos: alguns cães e gatos podem desenvolver diarreia dado a grande quantidade de produtos lácteos ingeridos;
  • Lixo: causam diarreia, vômitos e podem causar botulismo, podendo levar o animal a morte;
  • Lúpulo: causa aumento da frequência cardíaca, hipertermia, convulsões e morte;
  • Macadâmia: danifica o sistema digestivo, nervoso e muscular;
  • Maconha: causa vômitos, mudança no ritmo cardíaco e depressão do sistema nervoso;
  • Ossos: podem causar obstrução ou até mesmo laceração do trato gastrointestinal;
  • Ovo cru: podem conter salmonela;
  • Peixe (cru, cozido ou em conserva): se a dieta for exclusivamente a base de peixe, ou em quantidades elevadas, podem causar deficiência de tiamina (Vitamina B1), onde o excesso pode causar fraqueza, colápso cardíaco, edema, convulsões e até levar a morte;
  • Pêssego, maçã, pêra e ameixas (sementes): pode causar obstrução do trato gastrointestinal;
  • Sal: se consumidos em grandes quantidades podem causar um desequilíbrio eletrolítico;
  • Suplementos Vitamínicos Humanos (com ferro): pode danificar o revestimento intestinal e ser tóxico para outros órgãos, incluindo fígado e rins, além da concentração não ser a mesma;
  • Tabaco: contém nicotina que afeta o sistema digestivo e nervoso, pode resultar em taquicardia, colapso, como e até a morte;
  • Uva (in natura ou passas): possui uma toxina que pode danificar os rins (insuficiência renal aguda);
  • Xilitol (adoçante artificial): em doses elevadas pode levar a insuficiência hepática.

Não citei todos os alimentos, mas os mais comuns que os donos gostam de dar ou que dão sem saber o que pode causar!



Lembre-se sempre que os animais não possuem papilas gustativas aguçadas como as nossas, assim eles não enjoam da ração deles e não sentem necessidade de petiscos, frutos ou outras coisas. Os petiscos são excelentes para serem usados como premiação ou brinde para seu animalzinho, mas em excesso eles podem não se alimentar com a ração e os petiscos não substituem essas. 
Consulte seu médico veterinário e tire mais dúvidas. E qualquer coisa, estamos a disposição! 




Priscila de Medeiros Gomes
Médica Veterinária
CRMV/SC 5074

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Convulsão






A convulsão tanto na medicina humana como na veterinária, não é uma doença e sim um sintoma / sinal clínico. Porém, mesmo não sendo uma doença, pacientes convulsivos são sempre um desafio diante das dificuldades de diagnóstico na medicina veterinária, mesmo com o aumento dos casos clínicos. Assim, recebi um material de uma empresa de fármacos veterinários que estão lançando o primeiro fenobarbital veterinário (Uniletas) e vou repassar para vocês.


Epilepsia

O que é?

A epilepsia é um conjunto de sinais neurológicos, caracterizada por convulsões, popularmente conhecidas como "ataques ou acessos", que ocorrem devido a alterações do sistema elétrico cerebral, onde as ondas elétricas perdem momentânea e parcialmente seu equilíbrio fisiológico.

Quando se inicia?

As convulsões normalmente iniciam-se entre 4 meses e 3 anos de idade, embora possam ocorrer após os 5 a 6 anos de idade em alguns cães.

Quais são os tipos de causas?

Epilepsia primária (hereditária, verdadeira ou idiopática): onde normalmente não se identifica uma causa. As raças mais acometidas são São Bernardo, Pastor Alemão, Boxer, Dogue Alemão, Setter Irlandês, Border Collie, Golden Retriver, Labrador Retriver, Poodle Miniatura, Beagle, Cocker Spaniel e Fox Terrier.

Epilepsia secundária (adquirida, estrutural ou sintomática): podendo ser causada por trauma crânio-encefálico, intoxicação por agentes químicos, acidente vascular cerebral, insuficiência hepática ou doença metabólica que leve à hipoglicemia,

Quais os sintomas?

As crises convulsivas normalmente ocorrem quando o paciente está descansando ou adormecido, frequentemente à noite ou no início da manhã. O animal fica rígido, mastiga ruidosamente com seu maxilar, tem sialorréia, urina, defeca, vocaliza e realiza movimentos de pedalagem com os quatro membros em combinações variáveis. O tempo de duração de uma crise costuma ser de 1 a 2 minutos. Os intervalos entre convulsões frequentemente são regulares, podendo ser de semanas ou meses.





Quais são os tratamentos disponíveis?

A medicação anticonvulsivante é o único tratamento possível para a epilepsia primária ou adquirida.
Nos casos de eplepsia sintomática o tratamento deverá ser dirigido para a doença primária, porém em alguns casos, o tratamento clínico paliativo com anticonvulsivantes poderá ser necessário. 
O fármaco de primeira escolha é o fenobarbital, uma medicação eficaz, segura, barata e com poucos efeitos colaterais além da sedação.
Os brometos de sódio ou de potássio poderão ser empregados em associação com o fenobarbital para potencializá-lo. 
Em animais em estado epiléptico o diazepam deverá ser administrado para que saia da crise.


Assim se seu animal teve alguma crise parecida com essa descrita, leve ele ao Médico Veterinário para que seja examinado e se inicie o tratamento mais adequado, mas não realize o tratamento por conta, pois as doses dos medicamentos têm que ser testadas até que se alcance uma dosagem adequada para que o animal não tenha mais crises convulsivas. 
E lembre-se nunca coloque a mão dentro da boca de um animal em convulsão, ele pode acabar mordendo e machucando sua mão. Na hora da crise o ideal é tentar acalmá-lo e ir falando com seu animal até que saia da crise e afaste-se, pois como o animal perde a memória, acaba não reconhecendo o dono logo que volta da crise. 






Priscila de Medeiros Gomes
Médica Veterinária
CRMV/SC 5074